quarta-feira, 26 de dezembro de 2018

A 200ª.

Eu ia escrever isso aqui de madrugada, mas acabei deixando pra depois. Pensei: "não, deixe quieto: pense nisto outra hora", mas fato é que não sai da minha cabeça: eu tenho 199 postagens neste meu blog -esta baterá a 200ª-, das quais apenas 56 -eram 57 na madrugada, mas fechei mais uma- estão disponíveis para que vocês leiam. 

Em algum momento da minha vida, algumas delas já foram abertas, outras nunca foram, ao longo abri e fechei mais tantas. 

Ontem, fim de Natal... pós resto de rango de Natal do dia anterior... Tudo o que eu não queria era pensar em grandes coisas, mas daí danei a me ler. 

"Deixa eu ler isso aqui: quanto mudou?" 

É inacreditável como meu texto amadureceu. E também a construção de pensamento. 
E como minhas muitas sessões de terapia me mudaram. 
Tem coisa que eu nunca mais subirei: era o início do início e eu precisava ainda de tanto pra ser o que me transformei... não dá. Aquilo ali é só meu e só a mim pertence.

Tem textos perdidos -de tempo perdido mesmo, falando sobre coisas que não valem a pena hoje, mas que ali faziam o maior sentido do mundo-, em situações com as quais eu poderia ter resolvido comigo antes de postar. Daí que é muito óbvio que me faltava maturidade pra resolver a parada sem bradar. 
Tem textos maravilhosos -Modéstia, A Deusa Grega- sobre Gente Minha e que será minha pra todo sempre amém. Muita coisa fechada. 
Tem texto nos quais compro brigas inúmeras de pessoas que amo, filosofando sobre os porquês das atitudes de outras tantas pessoas acerca de convívio social. 
Tem textos preenchidos de tanto Amor e Admiração que não dá pra voltar ao ar. É tudo muito meu. 

Daí fui buscar outros textos e e-mails trocados com pessoas muito importantes ao longo da vida. 

E. Nossa. 
Tem quem tenha preenchido um pedação naqueles momentos e que continua a preencher lacunas até hoje. 

Achei textos que eu preferiria nunca ter lido, vindo de ninguém. 

Achei coisas que talvez eu não precisasse saber, no melhor do "poha, Velho: me poupe disso aí porque não sei lidar com isso". 

Achei textos que escrevi pra pessoas que, fosse hoje, não teria perdido tempo pra digitar sequer a primeira palavra. Boh. 

Fato é que minhas situações permeiam quase sempre os relacionamentos vários, os amorosos meus, os amorosos alheios, os meus com meus Amigos, minha vida em relação à minha Família, minha relação com meu trabalho e projeções acerca disto. 

Talvez tenha sido bom ler tudo isto/isso/aquilo: será inevitável começar o ano com muita coisa vivida um tanto vívida na memória. 

Vai fazer diferença em relação às escolhas de 2019.

Podem apostar. 







Lugar de guardar na Alma.

terça-feira, 25 de dezembro de 2018

Eu sei

que vou te Amar.

A cada despedida.

Desesperadamente.

A cada ausência: vou chorar.

A espera de viver.
Por toda a minha vida.

Por toda.
Vida.

domingo, 23 de dezembro de 2018

#teleguiado #freestyle


Hoje é 23 de dezembro de 2018.

Tô na frente do mar.
[No caminho que ninguém caminha, alta noite já se ia. Ninguém com os pés na água.]

Numa sacada que é minha há um ano e meio. Tu sabe.

Dizem que amanhã faço ceia aqui. Acredita?
Ha.

Já chorei com você aqui nesta sacada. Feito num abraço. Um texto teu pra mim no mesmo dia que neste ano eu "me passei", como diria o baiano.
Só que me passei de propósito. De raiva.
Eu quis te matar. E quero ainda. Maybe.

Ano passado, chorei. Chorei Acácias. Tipo agora. Às vezes, te tiro dum pano de guardar confetes... Nascem Acácias.
[Onde o fim da tarde é lilás. Onde o mar arrebenta em mim o lamento de tantos ais.].

São amarelamente lindas.

Sabe?
Sabe.

Tanto sentimento -e por tantas gentes- já passou nesta sacada... que se falasse... queria tanto te contar agora... que se falasse...

Ando emotiva.

Tô estudando muito. Tu sabe é pouco de nada. Acho. Ou não. Talvez. Será? Sabe. Sempre soube.

— Te sei, Mano.

[É a lama, é a lama...]

E as águas de março tão longe ainda... Se bem que aqui anda chovendo de lavar o passado...

Niqui de dentro mora aquele meu teu olho parceiro de furacão em concha: redes sociais zero, alma zilion milion. É icônico, né? Sempre foi.

Achei indagora um texto trocado. A gente falava disso: bloqueio de redes e vidas e pessoas e situações e foco.

— Você me bloqueou?
— Não. Me bloqueei.

[Carolina: preciso te encontrar.
Carolina: me sinto muito só!
Carolina, preciso te dizer...
Ô Carolina: só quero amar você!]

Cêqué? Quédizzê.

Tem tanto Amor pelo mundo aqui dentro que nem sei -ou preciso te- dizer.
Tantos Amores.
E nem tanto.

Tem quem ora te parelhe. E você -mais que- sabe.
Hoje, pra teu revés -ou não- tu perdeu a Taça Ouro do Right Now. Faz um tempo. E faz parte. Acho.

É Salvador, hoje agora aqui.
[Uptown, the street's in calming way and outside is warm as a bed with a maid.
And I find it's all our waves and raves that makes the days go on this way.]

Primeira vez era 2012. Num maio qualquer.
Eu tinha certeza ali de que eu viria.
Só não tinha a menor ideia de que seria justamente pra praia daquela foto que foi tão difícil arrancar dos teus arquivos.
Puto.

Ali, eu já sabia daqui.
Ali com quem. Naquele momento.

Há dias eu lembro de você.
Muito.
De um jeito como se te tivesse sido ontem.

Acho que tenho pensado tanto porque tu tá pensando direto: tu tá indignado. Aí dentro, tu tá in-dig-naaaaaaa-do. Que eu sei.
Caguei.
Ninguém mandou votar errado. Birrei. De ódio. Hahahaha!

[Daqui desse momento, do meu olhar pra fora: o Mundo é só miragem.]

Acho que é a fase. Minha fase, digo. Fase de que nem me precisaria dizer. Certezo.

... [qualquer calmaria me dá solidão.]

E me veio um sorriso de um dia, parados no carro -como sempre-. Daí vim.
Parei um pouco os estudos e vim. Midizzê. Quédizzê.
Pamplona. Pra lá da Paulista, sentido Centro. Nada de Ofner. Pós-Ofner, se pá.
Meus pés no painel no carro. Praxe.
Horas de conversa. Ho-ras.

Da Vida.
Dos amores. Quaisquer. Já nem me lembro quem tava afim da gente na época.

Mentira. Sei nomes. Data e hora na planilha do vacilo. Hahahaha!
E mote. E quens. Ha. Eu não presto. Nem você. Irá lembrar. Cer-te-zut-cha. Hahahaha!

Amores de minúscula porque o Maiúsculo éramos Nós.
[Sua cartilha tem um A de que cor?]

Talvez nunca deixemos de ser d'algum torno.
Ótica do realismo cético.

Sabe aquele mo(n)te de conversa que você tem guardada e nunca quis e/ou vai me dar?

HAHAHAHAHA! Foda-se.
Tudo aqui. Tu-do.
Namoral: devo ter mais coisa que você.
Namoral: me dá um Galak. Vou pensar no teu caso. Hahahaha!

Sabe o livro?

A(m)no que vem. Não passa, Jacques. [Bom: depende. Depende do porvir. Cê deve saber exatamente o que se passa aqui. Dos planos. Tu sabe. Sempre soube.]

E direito autoral de cool é rolls. Ouvi dizer.
Máximo, será dedica(n)tória.

Sinto falta.
Muita.

Algumas coisas não há.
E nunca haverá.

O mais próximo texto da minha vida.
A retórica irmanadamente aristotélica. Que ódio. Hahahaha!
O mais intrínseco cérebro.
O maior complexo freudiano da Minha História. ESTA É A PIOR PARTE. Tudo o que eu não preciso é te pedir pra ler sobre. Unnecessary.
O mais coordenado you-are-The-Only-Exception da minha vida. Disparaaaaaaaaaaaahahahahahahahaha!

Calças curtas. Confesse. É mais bonito. Hahahaha! Aquele céu de fitas sabe de tudo.

Durante anos: a Minha Vida.
Aquela lá, que carrego na Minha Memória.
E na Alma.
São tantos de Nós...

[Ser dois e ser dez e ainda ser um.]

O estouro de fitas naquele céu.
A chuva.
Teus óculos na minha mão.
Do mais honesto da minha vida.

Torço por você feito...

... [o frio é o agasalho que esquenta o coração gelado quando venta, movendo a água abandonada...
Restos de sonhos sobre um novo dia...
Amores nos vagões; vagões nos trilhos.
Parece que quem parte é a ferrovia...
Que mesmo não te vendo, te vigia.
Como mãe. Como mãe, que dorme olhando os filhos com os olhos na estrada.]

Um dia, eu prometi pro "Universo".
É Natal. Odeio. Cê sabe.
Mas eu prometi certas coisas pro "Universo" naquele ano. E cumpro. A meu modo.
[E lá se vai mais um dia... E basta contar compasso. E basta contar consigo, que a chama não tem pavio. De tudo se faz canção e o coração na curva de um rio...].

Ninguém nunca irá entender aquilo que só nós dois sabemos.

E tudo.
E todos.
E o tempo todo.

Miss U much.
Every-time/day/where/thing.

Absolutely. At all, She says.

[I'll come driving fast as wheels can turn... Stretching away as far as my eyes can see...
Deserts and darkness, my hand on the wheel...
Loverboy, please call me home!!
A girl can get lonely out here on the road...]

Or not.
Ha.

A propósito: [deixe-me ir, preciso andar: vou por aí, a procurar...].
Não te fuço há mais de ano, mas te sei porque já sabia que te saberia evah: continue de mala nas costas.
Nos ladrilhos amarelos. Plz, don't stop the (t)rain.

Te faz sorrir.

:)

Take care, Honey. And Happy New Year!

Crdlmnte,
CaroLayla, The Selfless Girl.

Ah! Sim!
Chore, por favor: é o mínimo que eu mereço.

[Tô assistindo a cena da gargalhada chacoalhante. Juro.]

Porque, às vezes, é preciso perder-se em Um.
E no Um, de repente, "esgotar-se" em Dois.


Jolovs.




A realidade de hoje: amanhece no Rio Vermelho. E sem filtro.


sexta-feira, 30 de novembro de 2018

A Grande História não contada.

E de setembro é novembro. O tempo sempre voa.
Foi dezembro dum agosto. A continuidade do tempo nunca é linear.

Uma chuva de verão de julho nas cercanias da alma. E nestas, nada é passageiro. Se mantém.

Foi braço para quebrar ossos do ofício. Como assim, esse cara já quer meu telefone?

Foi leitura de livro em beira de piscina com convite recusado. Sem chance. Sem condições. Que será que pensa que eu sou?

Foi despertador fora de hora em madrugada alta. Droga. Deixei de novo o notebook aberto. Esse cara não se toca? Tá bêbado. Certeza. Sou obrigada? Não tenho a menor paciência.

Foi primeiro bom dia em noite regada à bebida, das que findam com o sol no vidro do carro. É inacreditável. Pode ser a hora que for... Será que me procura mesmo? Ou será que só me acha? Tá voltando da noite também. Certeza.

Foi trânsito carregado na volta do trabalho, em horas de conexão. O que acontece com esse cara? Que tanto gosta de conversar comigo? É carência? 

Foi telefonema atendido em hora não favorável. Não acredito. Eu não acredito que ele tá me ligando agora. Cara. Olha a cara do... Ele sabe que eu to com o... tá. Ok. Pensa rápido. Ok. Vou atender.

Foi gargalhada dada a propostas totalmente recusáveis. Ele não desiste? Que mané ligar só pra ouvir minha voz... conta outra! É muita cara de pau...

Foi notícia boa em primeira mão. É muito curioso. Eu nunca vou entender direito por que divide quase tudo em tempo real...

Foi tempo de mudança de vida e solidão conectadas. Às vezes, esse cara me tranquiliza... não consigo entender por que perde tanto tempo comigo de longe... e não sei também porque me preocupo tanto: a gente briga o tempo inteiro! Ele é irritante!

Foi parceria e espanto numa dor de perda do que não nasceu. Não acredito. Ele também perdeu um filho. Como pode? Eu e ele? Ao mesmo tempo? Qual a probabilidade disso? 

Foi realidade totalmente reprovável avaliada com sucesso. Eu não to acreditando que esse cara tá me chamando pra morar com ele lá na casa do caralho. É maluco. Nunca nem me viu. Pega nada. Daqui a pouco tá noutra... mas... que é engraçado, é! Será?

Foi insistência em cruzar vidas a todo custo. Quer saber? Eu vou. Desta vez, eu vou. Não aguento mais brigar com o... não tenho nada a perder... vou.

Foi convocação de voo perdido e reencontrado. Não acredito que to aqui. Acho que já me arrependi.

Foi conversa que tateia chão de estacionamento. O que, afinal, eu to fazendo aqui?

Foi o contar de histórias, evitando a cruzada de olho. Não há escapatória. Ele vai deitar do meu lado.

Foi o oferecer-se a dividir cama de solteiro. E agora? Não esperava por essa.

Foi fim de tarde num gramado da Cidade Concreta. Abraço? Finjo que presto atenção na música? Nossa. Ele tá muito perto. A gente tá muito perto. Não sei o que fazer. Não quero um romance. 

Foi lembrança furtiva entre uma garfada e outra num comercial entre amigos no Largo do Café. Putz. Olha só o que tá tocando no bar ali do lado, cara... Foto. - Veja. Olha só onde eu tô. Lembrei de você.

Foi cobertor sendo tecido fio a fio. Acho que não tem nada na minha vida que esse cara não saiba.

Foi saudade a ser morta no susto. Comprei. Agora vou. Sei lá no que vai dar...

Foi olhar distante, mirando o horizonte da Ilha dos Búfalos. Por que raios, afinal, ele não veio conhecer isso aqui comigo? Por que ficou no quarto?

Foi voltar pra casa em silêncio. A gente nunca mais vai se ver. Talvez seja melhor assim.

Foi o calmante do choro na perda de um amigo felino. Acabou de morrer no meu colo. A gente não tá se falando. Como adivinhou que ele acabou de morrer no meu colo?

Foi bota, echarpe e casaco de couro rosa despidos na garoa fina da Cidade Cinza. Eu tinha saudade, mas vou continuar olhando com a naturalidade de um não fosse. E fingir que não percebo ele me seguir com os olhos.

Foi estrada na noite gelada que acabou em sopé de serra. Nunca entendi a falta de multas na minha pressa.

Foi mensagem de celular não esperada em madrugada eletrônica. Ele nunca me mandaria mensagem agora. Como ele sabe que eu to chorando? Como ele sabe que a gente brigou? "Fica calma. E me avisa quando chegar em casa." Ele me ganha. A todo momento, ele me ganha. É ele quem me ganha aqui dentro enquanto o outro me perde todo dia um pouco mais.

Foi a manutenção de elo com o umbigo do mundo quando a parede de tijolos caiu. Preciso reinstalar esse Whatsapp. Não dá pra fugir do mundo pra sempre e... tem ele. Sinto falta dele.

Foi calmaria na tormenta do lado de dentro. Quando eu acho que vou enlouquecer... ele vem. Ainda bem.

Foi chuveiro gelado por três dias a fio no fim do mapa. Eu não acredito nisso. Eu não acredito que ele fez isso comigo justo agora.

Foi afastamento eterno até enquanto durou os estoques. Tudo bem. Não dá pra não falar mais, mas já não dá mais. Vai doer, mas daqui eu não passo. Não consigo. E tem a vida que não conheço chutando minha janela. 

Foi pedido de retratação peculiar, com direito à reposição de perdas. Ele sabe que me magoou. A gente se deve isso. Vai ser bom passar esses dias com ele. 

Foi falha emocional no meio do caminho. Eu não acredito que fiz isso. Eu magoei ele. Que diferença isso fez na minha vida? Eu não to acreditando... pra que isso?

Foi choro miúdo num peito doído e a certeza de nunca mais. Acho que desta vez a gente não se vê mais. A gente se magoou demais... tudo bem. Eu toco meu barco e ele o dele. Vai ser melhor assim. Acho que foi nosso último abraço.

Foi brincadeira sorrateira do destino. Não é possível. Morando na mesma cidade? Pra quê? Por quê? Eu não to acreditando. Tá, mas... ok. Não muda nada. Amigos. 

Foi jantar de boas-vindas na praia mais praia do mundo. É bom tá com ele. Admiro tanto... foi bom ter vindo. To feliz por ele. To feliz que tá aqui, inclusive. 

Foi cantina com música seguida de pastel chinês na Terra da Felicidade. Sabe que eu adoro a companhia dele?

Foi a capa de chuva em barco de proa furada. Ele veio só pra me proteger. Não é possível. Não faz o menor sentido ele ter vindo da casa do caralho pra cá pra dar de cara com toda essa merda e me proteger. 

Foi o abraço de despedida rumo à recuperação do sistema. Putz. Que merda. Que bom, mas que merda. De novo... me bagunçou de novo. Ok. Na volta eu resolvo.

Foi a resiliência nas resoluções. Eu não minto pra ele. 

Foi a viagem desde sempre no roteiro. Ele é foda. Sabe que vou.

Fui.
Vou porque vem.

E talvez isto seja o real significado de Amar.
Ele é meu aprendizado constante.
É a maneira mais concreta que a Vida me dá para aprender e ofertar o Desapego.
Ainda que eu morra de ciúme... dá e passa.
Acho que deve ser parecido do lado de lá.

É encontro e reencontro pelos atropelos da vida justamente porque existe o ir.

Pode ser que um dia a gente vá e não volte.
Ou não. Quem sabe?

Sei que em meio a estudos, livros e letras, vazou isto aqui.
Vazou a História.
Vazou parte da História.

Talvez seja esta a Nossa História.

A Grande História de Amor não contada.

terça-feira, 25 de setembro de 2018

Coração recôncavo.


Se há arrependimento na vida? 
Ah. 
Sabe, seu Moço: arrependimento tenho algum. 
Há de haver coisa de olhar para trás e dar por não dado. 
Lembro como hoje certa feita... 
Houve um rapaz que se me enamorou. 
Era dado a valseiro, mancebo que, desde cedo, moça se apreende a não querer: sempre tanto feitiço que se monta fileira de demais moçoilas a arrulhar. Trabalho custoso que dá. 
De insistente ele, eu me punha a negar a devida atenção que se deve dar aos veementes galanteios trazidos pela vida. De qualquer tom, -e de parva que fui-, ali não supunha ser real e me opunha àquelas firulas todas por considerar que nada havia em mim de tão grande que justificasse tamanha tentativa. 
Logo eu, tabaroa completa, um tanto açoitada já pela sorte... não via razão em ser alvo de nada nem ninguém. Não por graça. 
Ai de mim que a vida prova e o tempo logra a insistência: no passar de muitas luas, de alguns tantos trezentos e sessenta e cinco dias, cedi. Decidi creditar monta. 
Num ceder que se aventurou por tantas furtivas vezes em outros igualmente períodos de trezentos e sessenta e cinco dias, num ciclo intermitente que parecia não findar. 
Decerto não seria finito se necessário não fosse para que ambos seguissem sua jornada: em minha insistência em não querer, houve quem quis primeiro e, disto, havia um contrato e um menino, coisa com a qual não se deve disputar espaço por saber-se causa dada. 
Hoje, tanto já passado e muito vivido, ainda permanece vívido o fel da não vivência plena do que poderia ter sido, não fosse meu apego de outrora num temor difuso e pueril. 

Se tenho notícia? 
Às vezes. 
Por certo e doloroso mau destino, a vida escapa algumas de suas feitas. 
Se comigo se importa? 
Por certo hei de ser ainda seu remoto enlevo. Não se é possível precisar. 
O que me cabe é a azarenta justa medida da resposta à sua primeira pergunta. 

Diz-se que como supunha o revisor de gentes, um tal Guimarães, "viver é descuido prosseguido". 

Cá com minhas mágoas, bem paguei minha mazela. 



E assim me contou Dona Justina, do alto de seus sabidos anos, e do profundo de seu coração recôncavo. 
Velha esta que não me arrependo de ter conhecido. 

quinta-feira, 30 de agosto de 2018

Tomou o antiviral hoje?

É curioso que a gente se dá bem pouca conta de que todos os conhecimentos estão interligados.

Hoje eu lia sobre genética e mutações celulares e caí na parte que falava de vírus.

Como sabe-se, eles não são considerados seres vivos.
São cápsulas protéicas compostas de DNA ou RNA.

Como sabe-se, o DNA é composto por duas fileiras de RNA. [To sendo simplista e que os Biólogos não me matem. Tampouco os Geneticistas.]

Uma das maneiras da multiplicação celular consiste na "invasão" que determinadas proteínas que habitam bolsinhas chamadas de "ribossomos" fazem dentro das células, criando uma engenhoca incrível que desmembra o DNA em duas carreiras de RNAs, que por consequência se acoplam a enzimas em sequência determinada que sintetizam, então, um novo DNA. E assim sucessivamente.

Como sabe-se, os seres vivos contém muitos microorganismos no corpo, exceto vírus.

Esses abençoados trabalham de um jeito muito parecido com os ribossomos, mas "pirateando" o código genético.

Como?

De maneira muito simples: se encostam à superfície da célula e injetam nela o próprio material genético. Este, por sua vez, faz a combinação com os RNAs saudáveis e cria uma segunda categoria de DNA, só que doente.

E assim ele vai fazendo, até que aquela primeira membrana "poca" e... voilà: em questão de horas tem-se então dezenas de milhares de muitos vírus espalhados no corpo e se multiplicando como fermento. Complexos sem vida própria, que precisam de um ser vivo para seguirem seu trabalho.


Quantas pessoas sem vida própria você conhece?
Quantas pessoas se encostam em pessoas e, de repente, injetam seu veneno como quem passa a mão no cabelo?
Quantas pessoas se aproximam com aquela puta cara bacana de proteína e, quando você vê, é DNA podre?
Quantas vezes cê se pegou infectado até o pescoço e preso naquilo, se afogando em carga viral?

É nessa hora que vai entrar o antiviral.

É preciso querer tomá-lo. É preciso fazer um esforço e tomar uma atitude. Mesmo que isso signifique ficar fraco por um tempo pelo esforço feito.

Vale sempre lembrar que, uma vez infectado, existe sequela, mesmo que temporária.

Vírus têm ciclo de vida e isso significa que não adianta querer passar a carroça na frente dos bois: antiviral inibe [HIV, por exemplo] ou cura [gripes ou sarampo, dentre outros], mas há um tempo para que isso aconteça.

Mas é certo que acontece.
E é certo que a carroça precisa passar.

Roda é movimento.
Roda é liberdade.

Rodas são quase asas e você só vai pousar naquilo que trouxer conforto pro teu organismo.

Do contrário, o fermento do mal pode levar tua vida à morte. Emocional.


Fica aí a reflexão.

segunda-feira, 6 de agosto de 2018

Tem hora que.

Todas as vezes que me/te releio é como se o mundo se repetisse por um momento. 

Quase sempre acaba em choro, mas nunca de dor. É aquela certeza que dá um quentinho no coração, como bolinho de chuva na garoa de São Paulo. 

São tantas coisas vividas, são tantos anos partilhados, são tantos fragmentos de sorrisos, músicas que tocaram simultâneas... História singular. 

Tem dias, como hoje, que eu queria guardar num cofre, pra vida não roubar no jogo. 

Tem momentos, como o agora, que eu só agradeço a sorte dos nossos caminhos cruzados em algum momento no espaço/tempo. 

Tem hora que. 

E que bom que tem. 

:)



quarta-feira, 25 de julho de 2018

Essa é pra você.

Essa é pra você.

Pra você que me lê.
Pra você que lê minhas entrelinhas.
Pra você que leu minhas entranhas.
Pra você que esteve nos melhores momentos.
Pra você que esteve nos piores momentos.
Pra você que nunca esteve, mas já cagou muita regra de merda.
Pra você que quis ter estado e não pôde porque eu não deixei.
Pra você que jamais estaria.
Pra você que me quis e não teve.
Pra você que levou de mão beijada.
Pra você que veio e foi e se arrependeu.
Pra você que veio e eu não quis.
Pra você que quis e eu não fui.
Pra você que eu carrego na alma.
Pra você que eu carregarei pela vida. 
Pra você que é próximo a mim.
Pra você que eu nunca vi.
Pra você que nunca fez falta.
Pra você que sempre foi amigo.
Pra você que nunca soube ser.
Pra você que se importa.
Pra você que não tá nem aí.
Pra você que eu nunca deixei ir.
Pra você que eu não faço questão que fique.
Pra você que é o que ninguém foi.
Pra você que foi o que ninguém será.
Pra você que não deixou marca.
Pra você que é eterna marca de agulha na pele.
Pra você que simplesmente é.

Esta vai pra você só pra dizer que nem sempre será pra você.

Assim.
Tão bem simples.


The sun goes down.

He takes the day, but I'm grown and in your way, in this blue shade, my tears dry on their own.




sábado, 7 de abril de 2018

A Separação.

Era 07 de abril de 1999.
Ali, há 19 anos, começou uma História rica em detalhes. -que é aonde tudo mora mesmo: Viver é uma colcha de detalhes.

A gente deu um chute a gol: quando viu, era casamento.
Quando viu, era a casa alugada.
Quando viu, era a chave do primeiro imóvel.
Quando viu, era olhar e saber o que o outro tava pensando.
Quando viu, eram inúmeras viagens terrenas e astrais.
E que, somadas, compõem a Nossa História.

E nem bem viu, era desencontro.
E nem bem viu, era dor.
E nem bem viu, era já outra língua.
E nem bem viu, era sexo no piloto automático.
E... nem bem viu, já não era mais.


Não foi culpa de ninguém. Não há culpa no desenlace.
Não foi premeditado. Não dá pra prever a Vida.
As pessoas permanecem em sintonia enquanto for encaixe.
Quando deixa de ser, cada um segue seu rumo.
Seja dentro ou fora da relação: cada um segue seu rumo.
Ainda que de corpo presente: cada um segue -dentro de si- seu rumo.

Ele queria viver [outra coisa]. E não havia erro nenhum nisso.
Eu queria viver [aquela vida] de outra forma. E não havia erro nenhum nisso.

Não havia culpa no porvir.
Não dava pra gente se culpar por expectativas diferentes.
Não deveria ser eterno aquilo que já não tinha.

- Até quando essa vida de 20 anos de casado? –eu disse.
- Eu acho que você sempre teve razão. –respondeu.

E assim começou a saga de dez meses e meio e dois quilos de dor a cada osso quebrado e mexido.


Eu urrava de dor emocional enquanto ele ruía por dentro.
Eu chorava dia e noite, ele sofria dia e noite, pela certeza de que deveria acabar.
Eu não dormia. Ele rolava pela cama.
Eu o acordava à noite pra fazer DR. Ele parecia um zumbi.
Eu o culpava. Ele se culpava.
Eu me culpava. Ele me culpava.
Eu olhava praquilo que a gente havia se tornado e sentia dó. Ele, pena.
Eu achava que era possível reverter. [E eu tentei, Meodeos, como eu tentei]... Ele também.
Eu não quis vê-lo nunca mais. Ele sentiu desamor.
Eu quis que ele nunca mais fosse feliz. Ele torcia pra que eu fosse o quanto antes.
Eu quis comer o mundo. [E eu comi o mundo]. Ele parou de comer.
Eu quis voltar no tempo e nunca tê-lo conhecido. Ele me fez o favor, fingindo nunca ter me conhecido.
Eu quis propor uma vida de fachada enquanto ele temia que eu nunca mais deixasse ele partir.
Eu quis que tudo fosse pro inferno, ele temia abrir a porta do céu pra voar.
Eu pensei que era meu fim. Ele temeu pelo recomeço.
Eu achei que nunca mais eu iria me recuperar. Ele achou que nunca mais fosse se recuperar.
Eu tive medo. Ele teve pânico.

Na minha cabeça era pra sempre.
Na cabeça dele também.

Foram nove anos e meio ao lado daquele homem.
E são já dez anos sem aquele homem. –daquela maneira, é claro.

Eu olho pra trás e... Nossa!
Parece uma eternidade.

Uma eternidade e umas sete vidas de lá pra cá.
Para ambos.


Hoje, olho para ele e não o reconheço.
E ainda bem!

[Se bem que... mentira. Eu já o reconheço. Nos -nem tão- novos moldes. E morro de orgulho do que ele se tornou.]

Quando a gente se encontra, é como voltar pra varanda da casa da minha Avó, em que a gente ria de tudo, aos 18 anos, ainda Amigos.
E como a gente foi feliz!

E como a gente não foi...
E como é necessário aceitar finais. E começos.
E como é preciso saber quando parar. E não descarrilar.
E como é tudo muito mais objetivo que dramático e a gente sequer se dá conta.
E como eu sou mais madura depois daquilo.
E como ele é bom caráter num mundo de gente média.

Ainda bem que ele teve coragem.

- Eu preciso viver.

Ainda bem que eu resisti.

- Eu vim pra tua vida, era esse monte de fita de videocassete. Eu vou, e essas tralhas ainda aí. É por isso que tá acabando: eu não suportei. –risadas em meio às lágrimas e aquele mundo de caixas na sala do apartamento.

Era um turbilhão de sentimento.
Era muita intensidade.
Era muito tudo junto: a gente terminou de se criar.
Sabe lá o que é isso?

A gente se pariu na frente um do outro.
Ele me ajudou a sobreviver.
Eu o ajudei a renascer.
A gente se amava muito, ainda.

Ele se culpou.

- Eu sou a cereja no seu bolo de bosta.

Eu abracei.

- Fica tranquilo: a gente casou junto e a gente vai se separar junto.


E assim foi. Contrariando nossas terapeutas [que achavam que a gente deveria romper feito faca amolada], a gente abriu o laço em parceria: ele puxou, meio roto, o lado dele da fita; eu arrastei, toda puída, a minha metade da fita.

Risos, choros, ódios eternos, respeito inabalável, amor [quase] incondicional, parceria pra vida, admiração, tapas, gritos, apelos, atropelos... Vida.

Vida.

Assim foi.
A gente rompeu aquele ovo que a gente tinha criado e que... Meodeos: como doía arrancar aquela placenta do nosso entorno.

“A ave sai do ovo. O ovo é o mundo. Quem quiser nascer, precisa destruir um mundo.”

Não sobrou nada além de escombros. Além das cascas.
E deles, a gente construiu o que somos hoje. A gente se retroalimentou.

Eu agradeço à Vida por tudo o que fomos.
E o que deixamos de ser.
Só assim nos tornamos o que somos hoje.
A gente terminou de se criar.
Sabe lá o que é isso?
A gente se ama muito, eterno.

Vou dizer que a gente foi bastante competente: nossa obra é fantástica: somos phodda! Hahaha! =)


Se tem coisa que ele não lida na vida é com desgaste.

- To passando. Não quero relacionamento, não, Meu: dão muito trabalho. To cansado de gente louca. Vai ver o problema sou eu.

- Olha Cara: você é chato, mas não é difícil conviver contigo, não. Não acho isso não. Deixa quieto e segue o baile.


Se tem uma coisa que eu preciso na vida é da aprovação dele.

- Poha, Cara: qual é o meu problema? Eu meto tanto medo assim, Meo?

- Cê tem um gênio terrível, mas é um mulherão da poha.


Como se fosse hoje, me lembro: num dado momento, eu olhei praquele lado da cama, praquele homem e pensei que não mais o conhecia.
Dormi, vencida pelo choro.

Quando acordei, havia um espelho e, nele, a minha imagem.

Eu tinha duas alternativas.

Uma delas, era culpar a vida que o esperava além de mim.


A outra?


Bem...

... eu escolhi me olhar quando ele escolheu seguir.


_______________________________________
Em tempo: obrigada, Mozzi.