quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

Com fiar.

Hoje ouvi muito sobre "confiar".
Sempre que dá, falo sobre isso: confiar é "com + fiar".
Quem confia usa fio invisível pra se unir a alguém.

Confiar é eleger: a gente escolhe a quem confiar coisas. Histórias. Sentimentos. Dores. E até mesmo sorrisos.

Daí que quando alguém rompe esse tal fio contigo, significa que tuas coisas, histórias, dores e sorrisos foram banalizados: tanto fizeram. E mais: quem quebra tua confiança te diz "não". Diz de maneira solene que você não merece resguardo.

Em compensação, quem valorizar tudo o quê for muito seu, automaticamente irá inspirar confiança.

Assim sendo, dentro d'uma lógica quase matemática: interesse inspira confiança. E vice versa.

Talvez valha dizer que não é um grande pecado quebrar confiança: é uma escolha. E cada um faz de si o quê quiser: escolhas devem ser respeitadas. Sempre.

A única coisa que não deve ser esquecida é que toda escolha implica em perda: escolher um grão de areia significa abrir mão de todos os demais.

Só crianças querem ter tudo. Adultos escolhem.

E daí que...

... escolher não inspirar confiança, essa cela solitária invisível.



terça-feira, 16 de dezembro de 2014

E por falar em romance...

-... sabe aquela nossa coisa da bolha?
- Sei... 
- Sabe essa dificuldade em socializar que a gente tem em alguns momentos? 
- Sei. 
- Sabe essa nossa relutância em se admitir vinculado? Eu do meu jeito, você do seu? 
- Sim... 
- Se lembra que eu já tinha te contado que tudo seria fantástico se não fosse a enorme dificuldade dele em se relacionar? 
- Lembro. 
- Então. Escolho a dedo. Consegui achar alguém pior que a gente. Eu tenho a bolha: dá pra estourar. Você, a ostra: tem fresta. Ali existe blindagem. Aquilo é o Caveirão, que me olha e grita "Nunca serão!". 
- Hahahahaha! É. Cê tinha falado que ele era difícil... 
- Verdade! Ninguém entra. Ainda não entendi se ninguém sai: não sei o tamanho do rombo, do trauma. Ainda. Acho. Não sei se ainda mora ali alguém que possa ter causado dano... Não sei. Só sei que, como nós, todo mundo tem passado... E sei que me lembra a gente o tempo todo. E meio que chutando minha cara, esfregando como o mundo reage a essa dificuldade nossa em deixar alguém entrar... 
- Ah. Cê jura? Cê jura que a gente tem dificuldade? -ar irônico. 
- Hahahaha! É. Tá foda. Ainda não decidi muito bem o quê fazer: se uso dinamite correndo o risco do Caveirão estilhaçar no olho, se convenço de maneira sensual -e cúmplice até onde sei- o motorista a abrir a porta e me deixar fazer parte do batalhão ou se saio andando e subo outro morro. Tô pensando em #partiuFaveladaMaré ou #énóisnaperifadeSalvadô ou #vouaprenderaroubarnoPlanalto. Só sei que basta um enter no sistema e pedir transferência pra qualquer lugar do país no trabalho. 
- Mas você se mudaria por isso? 
- Não só por isso, mas também por isso: eu já tinha sede do novo, sede de mim, já tinha essa enorme necessidade de ir pra me achar. Depois do câncer: eu sou do mundo. Não tá bom? Eu vazo e recomeço com outra cor de cabelo. E mudo nome. De Carol passei a Anna. Tô pensando agora em Natasha, que usa salto XV, saia de borracha, curtindo qualquer balaco ilegal ou proibido. 
- Hahahahaha! Seeeeensacionaaaaaaaaallll!! 
- Eu sei que janeiro tá aí. Tem inúmeras possibilidades. Ir. Ficar. Esperar a Pós acabar. Ou, ao menos, o contrato de aluguel... Não sei. 
- É uma escolha. 
- Eu sei. 
- "O quê te dói menos?"... 
- Nossas eternas perguntas, né? 
- É. 
- É sempre isso."O quê te dói menos?", "Perder você vai. Precisa só saber onde perde menos." e o fatal "Cê quer ser feliz ou ter razão?"...
- Ter razão. Sempre. Trabalhamos com a razão. Gostamos. -ele usa primeira do plural só de palhaçada, só pra fazer graça quando fala de si mesmo. 
- Hahahahaha! 
- Carolina: aonde cê vai perder menos? 
- Desta vez... eu não sei. 








Disse ela ao Melhor Amigo, enquanto finalizavam um "mil folhas" e a água com gás, gelo e limão. 
Como sempre. 

terça-feira, 9 de dezembro de 2014

... como num refrão...

E olha de longe. Busca na memória: "já te vi em algum lugar, garota... onde?'...

Pensa rápido. 
Aborda.

- Oi... er... Anna?
- Não: Natasha.