Claro e escuro.
Taí uma parceria indissolúvel.
Um não é sem o outro.
É preciso luz pra que se possa enxergar ao redor. Acho.
É preciso sombra pra que a vida aprume. Acho.
Dizem que há um lugar neste mundão de Meodeos onde os raios do sol não chegam.
E nesse tal mundo abissal, os peixes são cegos.
Dizem que é porque nessa parada de seleção natural, essa coisa que dizem que é o estudo do Darwin, os olhos deles não teriam função pela falta de luz. Sendo assim, a natureza, essa coisa estranha, já traz esses tais bichos escamados sem visão.
Assim talvez seja com a vida da gente.
A gente sempre conhece o escuro. Sempre.
Mas nem sempre se dá conta do claro porque é muito fácil se adaptar ao que é bom. O claro passa desapercebido.
A nossa parte clara é muito fácil de se lidar.
E o ruim... Ah. Esse incomoda. Um monte.
E justamente por isso que a gente foge do próprio escuro.
Mas é só nele que a gente aprende.
É só quando alguma coisa te tira do prumo que você consegue fazer algo a respeito daquilo que te dói.
E isso é a grande sacada da vida: não achar que as dificuldades -todas- são pro mal.
Inclusive as emocionais: será nela que a gente mais irá crescer.
As pessoas fingem correr atrás de muita coisa, mas tudo o quê há pra ser vivido neste mundo só faz sentido porque, ao final de tudo, haverá Amor.
Inclusive o próprio, já que dele vem o Legítimo Amor que a gente pode sentir pelos outros.
Eu não tenho muita certeza de nada nesta vida, mas... me parece que... já que a gente não nasceu lá naquele lugar estranho aonde a luz não entra... a gente precisa usar bastante os olhos. E a natureza, essa coisa estranha, nos deu dois.
Capazes, inclusive, de enxergar em cores.
E capazes de nos fazer incomodar com a sombra por um só motivo: a gente reconhece a luz.
Se não fosse o sol, talvez a gente vivesse num enorme mundo abissal.
Ou, talvez, a gente sequer existisse.
Não dá pra saber.
O quê dá pra saber é uma coisa só: a cegueira às vezes vira uma repetição de comportamento vazio. Porque lá no fundo do nosso imenso oceano, as águas estão paradas.
E não nos estremecem.
É preciso coragem pra sair da zona de conforto e nadar até a superfície pra enxergar o mundo.
E pra olhar pro lado.
E reconhecer o quê brilha.
E aceitar que, algumas vezes, pra aquecer e dar cor, o sol queima.
Mas vai também -automaticamente- te lembrar que você ainda tá vivo.
Pulsando.
Que todos os dias a gente possa saber aproveitar o sol. E o quê ele nos mostra.
Mesmo que arda.
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