domingo, 18 de outubro de 2015

As comportas estão abertas.

- Por quem? 
- Por ele. 
- Ele? 
- Isso. 
- Quem é ele? 
- Ele é. 
- Não tem nome? 
- Tem, mas não importa. O importante é ser ele.

Mentalmente, as pessoas humanas enquanto seres viventes me questionam desse jeitinho aê.

Verbalmente, já ouvi dessas perguntas e, hoje, respondo de maneira reta e curta. Como ali está.

Ele um dia foi tema de texto. Em agradecimento ao acaso. 
Era um 'texto-presente'. No blog mesmo. Aqui.

Ele é livro que dorme.

Ele hoje é esse texto que é em mim sendo o meu eu nele.

Isso.
Assim mesmo. 
Embolado tudo junto.

Um dia, uma porta de garagem se abriu e ele entrou. 
Assim. No nada. Direto do buraco negro.

- Oi. Cheguei. Você nunca me viu, nem eu tenho muita certeza de nada nunca, mas muito acho que a gente tem, a partir daqui, uma História. -disse aquele sorriso maroto e tímido. 
- Oi. Se achegue. Eu nunca te vi. Nesta vida. Porque te reconheço. Não me pergunte de onde. Tampouco pra onde vou. Eu só consigo enxergar que vou te carregar sempre comigo. -reverberou meu pensamento mudo.

Gosto musical foi sempre muito importante pra mim: amo música.

Em geral, meus Amigos nem sempre curtiam tudo o que eu gostava. Um ou outro me acompanhava numa ou noutra preferência, mas nunca em... QUASE TUDO.

Ele sim. De cara. Na largada.

- Adoro essa música! 
- Cê conhece? 
- Sim!! Tenho todos os álbuns! 
- Mentira. 
- Juro. 
- Seeeeensacionaaaaaaaaallll!

Raciocínio lógico. 
Considerações sempre muito bem colocadas, mesmo em discordância.
Argumentos com forma. E conteúdo. 
Filosofia. 
Visão de mundo. 
Visão do externo. 
Visão interna. 
Psicologia. 
Profundidade. 
Semelhança.

E logo depois vieram os mesmos gostos gastronômicos. 
E tudo que haveria de ser novo: minha primeira comida japonesa. 
Marzipã.
Perdi as contas já de quantos "Bora no lugar tal? Lá tem um troço assim e assado que é um des-con-trôoole."

Fora o bacon básico da gula de cada dia. Que nem sempre pôde ser possível, dado o teor calórico.

A real é que Pecado Capital é um troço que atrai... 
E sempre traz gente que também peca. Uma desgraça! Hahahaha!

Nunca fui cinéfila. Nunca fiz questão. Até a primeira sessão de Cinema Europeu com ele. Não era um hábito.

A cidade brasileira que mais queria conhecer era Salvador. 
Check! Fui. Ele tava.

Sempre senti falta de alguém que me acompanhasse em exposições e olhasse prum quadro com a mesma ótica que eu. Ou que me acrescentasse o que não vi. 
Ele existia já: tinham aberto a porta da garagem feito a Porta da Esperança. Eu já tinha companhia. Então. 
Maoêeeee! Ufa.

Minha parceria na tormenta. Algumas. 
Eu saía do meu redemoinho por ele. Era quando ele vinha abrindo a Porta dos Desesperados e eu saía correndo descabelada, ouvindo Sérgio Malandro berrar glu-glu. Tipo isso.

- Para. Péra. Não. Calma. Releia. Carolina: sai do looping!

Tinha dias que queria não querer respirar. E pra sair da minha nudez eletiva pra botar uma roupa e tirar o carro de casa... olha: só muito Amor, vio?

[Tá. Ok. Às vezes, muito às vezes mesmo, eu continuava jogada na cama, mas... na Internet falando pelos cotovelos com ele. Que não sou obrigada. De nada.]

Daí que ele existia e era minha companhia predileta pra maioria das coisas. Eu ia.

Minha pior fase de grana. 
Não sobrava. Faltava.
Comprava meus tickets porque sabia que eu jamais aceitaria ajuda de outra maneira. 
E acho que fingia não ver que durante um tempo, 'preferi' trabalhar de ônibus, quando, na verdade, tava mesmo era economizando pra poder pagar meia no cinema duas vezes na semana: acontecia muito de ter quarta de cinema e repeteco no sábado. Ou domingo. Ou os três. 
E era ou gasolina todo dia, ou cinema com ele. 
Nunca houve disputa: entre qualquer coisa e ele, ele.

E as horas de conversa no carro? 
Hoje, quando lembro, faço contas mentais, penso em tantos fragmentos de conversa... Eu não sei precisar quanto tempo 'ganhei'.

- Ca-ro-li-nah: você é rê-tarda-dah! 
- Sou. E cê gosta. 
- Ah... num sei não, hein? 
- Tsc. Mente mal.

Cenas gravadas na memória. 
Cãibras na bochecha colecionadas nos momentos de riso ininterruptos. Chega a barriga dói quando acontece.

Densidade emocional. Muitas das conversas viraram pedaço de texto.

E... brigas. 
Inúmeras. 
As piores da minha vida. 
Eu tinha dor física, sempre que. 
Enxaqueca. Dor de estômago. 
E passou a ter ar de "nunca mais". Que durava até não suportar mais a falta: um dos dois cedia. Alternava: dependia do grau de carência um do outro que era vigente no momento. E lá íamos nós. Com o pé atrás, até que tudo era cinema na quarta de novo. E sábado.

E a felicidade parceira acabava, já então, no exato momento em que um decidia não aceitar o outro. E enquadrava. 
E foi virando falta de ar. 
E foi desalinhando o traço da nossa imagem em comum. 
Eu tremia por nós. 
Ele se desassossegava por mim. 
Eu via manchas. 
Ele via borrão.

Não suportei a visão turva. Minha. Dele. 
Ele sofria também: a gente se maltratava tentando se bentratar. 
E extrapolei a moldura -segundo ele. 
E risquei, no quadro, a parte dele do desenho. Ele chorou. 
Eu murchei por dentro.

Pedi pra sair. 
Bati a porta atrás de mim. 
Ele ficou na janela. Incrédulo. Olhando a chuva desmoronar nossa parceria em lama. Inconformado.

Eu me chafurdei naquela lama como quem volta pro útero. 
Passei lama no rosto como quem procura curar a pele. Inconformada. Também. 
Não consegui salvar: a pele caiu. 
Nasceu outra. Fina, ainda. Muito mais vulnerável que protetora.

Uma tentativa de reaproximação frustrada. 
Mágoa. 
Tristeza. 
Saudade do que tinha de bom. 
Dor por tudo que não restou.

Falta. 
Sobrava falta no meu pote.

E assim foi o mergulho em mim: sofri minha própria sentença.

Era o 'nunca mais'. 
E eu partida em duas. Ou muitas.

Luto. Meses. Doença da Alma. 
Recomposição.

Já quase em pé, respirando sem aparelhos, decomposição: Doença do Corpo. 
Incurável. Dizem. 
Caí de novo. Julguei não suportar.

Dor. Muita. Medo. Solidão. 
Uma solidão sem rosto. 
Uma solidão sem nome. 
Quem tem uma doença que dizem terminal, tem ela em si como companhia. Apenas. Pouco importando quem ou quantos ao redor. 
As pessoas me olhavam com dó, como se enterrada eu já estivesse.

Era uma dor fálica. Bruta. 
Não há sutileza em ter de se superar. 
O Câncer é essa coisa que muta célula boa em podre. Numa autocontaminação sem fim.

A falta do 'abraço de costelas quebrantes'... Só eu sei o quanto precisei olhar naqueles 'olhos tlistes de tonilho' e dizer:

- Fodeo, Exceção.

Pelo histórico pessoal dele: era meu dever poupá-lo: proibi todos. Ninguém deveria contar a ele que eu não estava bem. Fosse quem fosse: eu não perdoaria.

Eu bati a porta atrás de mim, mas que ninguém, jamais, se metesse: só nós sabíamos o que éramos. 
Eu deveria poupá-lo. E fiz.

Tratamento. 
Alívio de esperança. 
Expectativa do tempo: só ele poderia me dizer curada de fato.

E tô! Ainda bem! :)

Mudança de rota. 
Mudança astral. 
Mudança física. 
Mudança psíquica. [Terapia, essa bênção.]
Mudança mesmo: de cidade!

Foram uns 16 anos de amadurecimento em só exatos 1 ano e 4 meses sem ele: a cada 30 dias, percebia uma ruga diferente na Alma: me levaram um pedaço. Eu me levei dum pedaço.

Pedaço que era num com + fiar da Vida na Minha [Nossa] História. 
Sempre foi confiança. A Vida veio e alinhavou a parceria. Sem perguntar muita coisa.

Um dia, no derradeiro meu aniversário antes da porta batida, me disse:

- Carolina: eu desejo que você se torne Mulher.

O Gênio da Lâmpada ouviu. Acho.

E só já Mulher é que foi quando fui na esgueira daquela porta batida atrás de mim.

- Oi. Lembra de mim? Eu sou aquela que te disse na garagem que era pra sempre. 
- Oi. Lembro. E não sei se quero lembrar. A História tem um ponto final. 
- Quero abrir outro parágrafo. 
- Perdi a caneta.

Restei em mim... Mas esqueci fresta aberta na porta. 
Tomou coragem. Abriu a porta e encostou a cabeça no batente. 
Olhou o corredor. 
E me viu sentada. De costas. Olhando o horizonte. 
Mediu a distância.

- There?

Reconheci a voz. 
Olhei pra trás e vi um sorriso.

Saí correndo. [Sem saber se ria ou chorava...]
Veio sem pensar. [Ele não pode pensar. Não pode dar tempo de pensar. Senão dá tela azul do Windows... Hahaha!]

Ainda arfando [a gente tá velho, né?], com medo de perder em se ganhar, tudo terminou num abraço de quebrar costelas, aquele que tanto precisei. E choro. E flores. Que não eram, mas nos serviram como Acácias.

Acácias e sua simbologia tão 'o quê somos nós'.

O que há pouco mais de um ano a gente intitulou 'refazenda', virou, no meu aniversário deste ano, um "e agora espero que pra sempre".

E, afinal de contas, esse contar do conto não tem fim. E nunca terá. É transcendente.

"Quem me dirá não o que desejo, nem o que sei, mas aquilo de que preciso? 
Sem botar nem tirar uma sílaba?
Quem saberá contar o enredo sem alterar o tom, o teor e o desfecho? 
Sem errar, nem mudar uma vírgula?".

Os olhares que nos cuidam jamais saberão recontar e remontar: o mundo procura obviedades. 
E nessa História não mora o óbvio.

Tudo que há de ser subjetivo é circunstancial.

"Viver é um descuido prosseguido", diria o lamento sertanejo.

E é. 
E segue sendo...

_______________________

... E assim sendo... >>> [Esse "e" eu colocaria minúsculo, mas como sei que não trabalha minúsculas depois de reticências, deixei a licença poética de lado... E...]

Como eu dizia...

... E assim sendo:

Que a gente saiba represar pra gerar energia. 
E que... As águas corram certeiras de sua importância. 

Hey! Benvindo aos 35!

Daí que me lembrei que a gente tinha um pacto, caso, aos 35, ainda não tivéssemos feito vítimas por aí e casado: procriaríamos, garantindo o projeto 'Continuidade Inteligente da Espécie'.

Mas vôdizzê: não precisaremos procriar. [Amém.]
[Crianças: não trabalhamos. (Ambos. Acho. Certezo, talvez.)]

Nós nos "re-parimos". 
Cada um em si. 
E nós (s)em nós.

Nosso trabalho tá feito: garantimos continuidade. A nossa.

Não sei. Só sei que foi assim.

E... Valendo!: de mim pra você, no já, neste aniversário: "nunca serão".

Não vou dizer que te desejo isso ou aquilo. É mentira.
Eu não desejo nada a você. Desejar é querer. Querer não é ser. 
Ser é fazer. E constituir.

A gente se faz. E refazer. E se constitui. Sempre que.

Eu torço por você como por mim.

Um dia, soube que disse por aí:

- Não se meta. A Carol é inegociável. A gente briga, a gente se entende. Não se meta: você perde. Todo mundo perde: nos resolvemos entre nós.

Não se meta, Mundo. 
Você perde.

Você. 
Perde. 
Mundo.

Nós, não. 
A gente se ganha. [Um "¡Olé!" ao Cassino que é a Vida. (Pode dizer que sou phodda linkando teu discurso. Sou mesmo.)]
A gente "se acha". [De buscar. E de 'modestar'. Um bejão, mundo! #smackmybitchup!]

Os detalhes que se somam.
Você é feito de 'circunstâncias' aqui. 
A gente se resgata. 
Na semelhança. 
E no espelho.

Sempre.

Mesmo que. 
Apesar de. 
Ainda se.

... Porque, às vezes, é preciso perder-se em Dois para encontrar-se em Um. E, de repente, no Um, resgatar-se em Dois.

Quem sou eu? 
A Frase -essa aí- rebento de costela. 
Quem é você? 
O Barro.

E dono das mãos mais lindas do Meu Mundo! :) 
Mãos que me fazem entender Adão.

O quê somos?

Um paradoxo. 
E "ok".

E aqui é ~também~ sem negociação.

Feliz Dia, Babe. 
Os 35 não marcam retorno de Saturno, mas de Plutão. 
E vida vivida! E vívida! :)

Taí, Peçoa: arrasei na simbologia dos Dois Planetas.

Que você possa consumir ~alquimicamente~ cada segundo do porvir.

Seja! O que achar que deve. 
Vá! Onde achar que deve se buscar.

Fique. Porque sempre haverá um café riqueza aqui, três sabores de gelato acolá e tantos "era uma vez".

Eu te amo. 
E não é pouco. 
Nem haveria de ser.


_____________
Daí que comecei a escrever isso a partir de um comentário teu numa postagem minha recente, onde me disse:

- ❤, mas você sabe!

Te contei, inclusive. 
E li um "só você pra preparar o presente dois meses antes".

Já li, reli, fiz, refiz, vi, revi este texto inúmeras vezes. 
Tanto quanto o que é essa Nossa História.

E quanto mais eu olho, mais percebo o quão imprescindível é esse tudo no todo do nosso tempo todo.

Quanto mais trabalho nele e viajo nos recortes, mais reforço o 'eu sei'. 
E mais nítido é o JRSN cravado na placa de bronze na numerada do Caronte.

Ouvi falar que pérola é inflamação de grão de areia que machuca a ostra. 

Carrego pessoas como conchas: minha maneira delicada de carregar tudo, todos, tempo todo.

Contigo é um pouco diferente: levo a ostra toda em Relicário.

Respeito o tempo de retardo na abertura da concha-cofre. 
Não costumo me incomodar muito com os 15" de espera até que a porta de chumbo apite pra ser aberta.

Eu, que não respeito quem não tem cicatrizes, sou um tanto mais feliz quando acho parceria na pérola. [Batismo por Modéstia, a Deusa Grega, essa coisa.]

E isso ~A Parceria~, por si só, já vale a espera. [Estamos em crise econômica. Issaê é Varejo. E Varejo Emocional de primeira linha. O sistema capitalista é rústico: vai sair cara esta frase. No teu lugar, eu deslia.]

Não me importo muito justamente porque, em algum ponto dos já 10 anos, descobri que pra compreensão de alguns (d)efeitos especi(colater)ais do Fantástico Mundo de Bob...

... Só eu sei a sequência dos discos de segurança do segredo manual do cofre: um único milímetro em falso e... Mais meia hora de retardado pra programar os próximos 15" de espera.

O Mundo, todos os dias, nos oferta muita coisa nesta Vida. 
A gente 'compra' conforme necessidade.

A gente tem sempre um alguém pra cada coisa.

Só que quando se é um 'bom menino' ~kkk!~, pode ser que role da Vida premiar com um Combo. 
Tipo Box Compre 1, Leve 4: puuuuuura raridade mercadológica.

Oi. 
Ha. 
Quédizzê. 
Carolina pra todo mundo: num vai táteno. Ocupada valeno pouco, mas por 4.

"Available. Or not."

Shooooooooopa, Cruel World! Hahahaha! :D



Death by chocolate is myth. 
This I know because I lived.

Nunca esqueci. 
E sou quase [nenfodeno] obediente. Hahahaha! 
Sempre sei pra onde voltar.

Que sempre seja época de cheia.
Que as comportas sempre se abram.  

E que, por vezes, sejam violentas: o espetáculo é lindo. Sobretudo, pra quem tem olhos de sentir. 

Que elas sejam imponentes sempre que transbordar. 
Ainda que assuste. 

:)  


E sempre é oportuno repetir: eu sei viver sem você por perto, só que não vou.

Se tua previsão mora no "pra sempre": eu garanto o predicativo.


Tnx a lot 4... Everything, Exception Box.

[Pra você, sempre maiúsculas no pós reticências e...

... Ponto-Parágrafo.]



Carinhosamnt,

CaroLayla
Designer de Projeto Abstrato,
Divisão de Recursos Setoriais - Eixo CWB X SAO, 
Núcleo Dois Planetas,
Meu Mundo S/A.

❤!


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